Psicólogo por amor: como encontrar o equilíbrio na profissão

Ao escolher uma profissão, é natural querer trabalhar com algo que amamos. A paixão pelo propósito trabalho é fundamental para se ter bons resultados profissionais e ser feliz com a profissão que escolhemos. Na psicologia, você com certeza já deve ter ouvido a frase “psicologia por amor”, ou se considerou um psicólogo por amor, certo?

No entanto, muitos psicólogos possuem dificuldades de se posicionar no mercado de trabalho e cobrar por seus serviços. Isso pode acontecer por falta de conhecimentos ou insegurança sobre como fazer isso. Com isso, muitos acabam “trabalhando por amor”, porém recebendo valores baixos demais para suas necessidades. Amor pelo trabalho é importante, mas também é fundamental saber precificar seus serviços e buscar qualidade de vida.

Amor não enche barriga, conhecimento sim

Nas últimas décadas, tornaram-se cada vez mais comuns frases como “trabalhe por amor e não terá que trabalhar um dia sequer na vida”. Essas ideias geralmente ligadas a discursos de motivação incentivam as pessoas a pensarem somente em um amor quase cego pelo trabalho. Esse pensamento, no entanto, pode trazer diversos prejuízos para qualquer profissional, inclusive da psicologia, que se torna famoso psicólogo por amor.

Ao não impor limites para si mesmos e para os outros, muitas pessoas acabam se esgotando física e mentalmente. Isso acontece principalmente por conta das longas horas extras e baixa remuneração. Dessa forma, esses profissionais não conseguem evoluir na carreira, pois estão sempre focados somente na felicidade e não no ganho financeiro.

Uma reportagem publicada pela BBC Brasil mostra exatamente como muitos profissionais brasileiros acabam caindo na “armadilha” do trabalho somente por amor. A reportagem ainda cita o estudo “Entendendo Formas Contemporâneas de Exploração”, publicado em 2019 no periódico Journal of Personality e and Social Psychology . De acordo com os autores, as relações de trabalho podem “cegar” as pessoas assim como uma relação amorosa abusiva. Em um relacionamento abusivo, as pessoas não enxergam como aquela situação está sendo algo prejudicial para elas, e o mesmo pode acontecer com o trabalho.

O psicólogo que só trabalha por amor é menos remunerado?

O estudo também envolveu uma pesquisa com cerca de 2.400 pessoas, que contaram aos pesquisadores quais profissões elas consideravam que envolviam mais “paixão”. Áreas de trabalho social ligadas às ciências humanas foram as mais citadas. A psicologia também foi uma das profissões mencionadas pelos entrevistados, que consideram que a área atraia mais profissionais apaixonados pelo que fazem.

Em seguida, as pessoas entrevistadas tiveram que dizer o quão bem elas achavam que esses profissionais “apaixonados” ganhavam. Foi então que os pesquisadores fizeram uma grande descoberta. As pessoas entrevistadas consideravam que serviços em que se trabalha “com amor” devem ser cobrados a preços mais baratos ou até mesmo de forma voluntária. Essa ideia pode levar muitos profissionais, mesmo autônomos, a sofrerem pensando na ideia de trabalhar apenas por amor. Trabalhar sozinho não significa que também não exista grandes níveis de pressão, e mesmo assim essas pessoas continuam trabalhando muito e ganhando pouco.

Trabalho por amor X trabalho por dinheiro: o equilíbrio é a chave de tudo

Você se sente mal consigo mesmo ao pensar ganhar mais dinheiro trabalhando? Que seria egoísta ou algo muito frio da sua parte ser mais do que um psicólogo por amor? Esse tipo de pensamento é bastante comum, mas é possível lidar bem com o amor pelo trabalho e a remuneração. Mas como então chegar a esse ponto de equilíbrio ideal os dois? Confira essas dicas:

Psicólogo por amor também deve se priorizar

Pode ser algo difícil de aceitar, mas se priorizar no trabalho é o primeiro passo para equilibrar as coisas. Comece a refletir sobre o papel da sua profissão na sua vida. A profissão deve uma parte de você, mas não como o seu todo. O trabalho deve nos fazer feliz, mas não pode ser a única coisa que nos traz satisfação. Também não deve ser colocado como prioridade acima de coisas como a sua saúde, por exemplo.

Faça o seguinte exercício: tente descrever a si mesmo, mas sem falar sobre a sua profissão. É difícil, certo? Mas começar a compreender que o trabalho não é o centro de tudo é o primeiro passo para uma relação mais saudável com a profissão.

Organize suas finanças e sua rotina

Lidar com dinheiro não é algo que a faculdade de psicologia ensina, mas é uma das coisas mais importantes que um psicólogo profissional precisa saber.  Afinal, as contas e os boletos vão continuar chegando mesmo que você ame muito o que faz. Por isso você pode aprender a organizar suas finanças com os cursos:

Gestão financeira para psicólogos;

Precificação dos serviços na psicologia clínica

Além disso, aproveite os momentos fora do trabalho e suas horas de lazer para descobrir outras coisas que você também ame fazer. Você pode ter hobbies não ligados à sua profissão, para diminuir o estresse no dia a dia.

Aprenda ainda o por que os psicólogos cobram errado pelas sessões no e-book gratuito a seguir:

Saiba impor limites

Pense em uma balança imaginária e coloque em cada lado: o retorno financeiro do seu trabalho e a felicidade que ele te traz. Se essa balança estiver muito desequilibrada, é a hora de repensar os limites o quanto o trabalho está impactando na sua vida.

Se a alegria está sendo muito maior do que o dinheiro que você ganha, é importante pensar em formas de limitar o volume de trabalho. Você também pode se organizar e começar a cobrar valores que te permitam ter uma vida financeira minimamente confortável. Que tal começar a praticar essas ideias no sua rotina profissional? Lembre-se: ser psicólogo por amor é incrível e ter satisfação pessoal com a sua profissão é muito importante. Mas saber organizar sua vida financeira e lidar com ela de forma saudável também é!

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